2ª Unidade – Resumo de:
O Conteúdo
Manifesto dos Sonhos e os Pensamentos Oníricos Latentes (S. Freud –
Conferências Introdutórias à Psicanálise, Os Sonhos. 1916, vol. XV, Cap. VII)
Na Conferência VII,
Freud teoriza sobre a diferença entre os conteúdos manifestos do sonho e
dos pensamentos oníricos latentes. O autor afirma que os elementos
constitutivos do sonho não se apresentam em sua forma original, ou seja,
substituem algo que está presente na psique do sonhador, porém inconsciente.
Freud sinaliza que a técnica da associação livre é utilizada para se desvelar o
que está por trás dos elementos confusos de um sonho.
O autor afirma que
“... o sonho como um todo constitui um substituto deformado de alguma
outra coisa, algo inconsciente, e que a tarefa de interpretar um sonho é
descobrir esse material inconsciente.”. (FREUD, 1916, p.118). Desta maneira
Freud pontua que o trabalho de interpretação de um sonho deve se basear em três
regras, que são:
1) Não
se deve atentar demasiadamente aquilo que o sonho parece nos dizer, seja
compreensível ou absurdo, claro ou confuso, de vez que pode não ser o conteúdo
inconsciente procurado.
2) Deve-se
restringir ao trabalho de recordar as ideias substitutivas de cada elemento.
Não se deve refletir sobre elas, nem considerá-las à priori como relevantes à
análise.
3) Deve-se
aguardar até que o material inconsciente surja espontaneamente, na associação
livre.
Com estas regras
Freud tenta solucionar a questão de que o sonho recordado não é o material onírico
latente, mas sim um substituto deformado dele. O autor salienta que esta
deformação realizada no conteúdo inconsciente (através dos mecanismos de
deslocamento e condensação) não se efetua sem motivo.
Ao pedirmos para
que o sonhador associe livremente sobre seu sonho, contando qualquer ideia que
lhe surja no pensamento, mesmo que tal conteúdo parece ser sem importância, sem
sentido, irrelevante ou desagradável, naturalmente esperamos que este fracasse
no que lhe é pedido. O que ocorre é que sabemos da atuação do mecanismo
psíquico da Resistência, que tende a manter ocultos os
conteúdos mais essenciais do sonho.
Freud postula uma
concepção dinâmica da resistência, o que indica que ela pode variar em
quantidade, ou seja, existem resistências menores e resistências maiores. Este
concepção implica que se a resistência é pequena o conteúdo manifesto do sonho
se aproxima do conteúdo latente, por outro lado se a resistência é grande os
conteúdos manifestos e latentes distanciam demasiadamente em aparência e importância.
O autor exemplifica
estas proposições contando alguns sonhos coletados em casos clínicos:
A) Mulher
que sonho com Deus usando um chapéu de três pontas.
- Durante a interpretação do sonho a
mulher lembra que quando criança usava este tipo de chapéu quando à mesa de
refeição. Lembra-se de vigiar o prato dos irmãos achando que estes não podiam
perceber que ela estava olhando. Associa com o fato de acreditar que Deus é
onisciente. Assim associa que o uso do chapéu a deixava onisciente sobre o prato
dos irmãos.
B) Mulher
que se mostrava cética ao tratamento, sonhou que muitas pessoas elogiavam um
trabalho de Freud sobre Chistes para ela. Lembrava também tratar o sonho de
algo sobre “Canal”, porém não se recordava completamente.
- O sonho estava relacionado à um
chiste que havia ouvido sobre o Canal da Mancha que liga Inglaterra e França,
sendo que no chiste este canal liga o sublime (França) ao ridículo
(Inglaterra). O ceticismo ao tratamento é substituído por este chiste no sonho,
de maneira que discursa o que a paciente sentia em relação ao tratamento –
ridículo e sublime, ao mesmo tempo.
C) Paciente
que sonhou que diversos membros de sua família estavam sentados em volta de uma
mesa “Tisch”.
- Na interpretação deste sonho o
paciente revelou que possuía amigos de uma tal família chamada “Tischler”, e
que a relação familiar entre pai e filho desta famílias se assemelhava muito
com a sua própria e a com seu pai.
D) Um
sonhador que estava puxando certa mulher de trás de sua cama.
- Revelou em análise
sentir-se atraído por ela.
E) Homem
sonhou que seu irmão estava em uma caixa (Kasten).
- trocou a palavra em uma parapraxia,
por “armário” (Schrank), dando a entender que seu sentia que seu irmão estava
se “restringindo” (Schränkt)
F) Um
homem sonhou que estava escalando uma montanha onde observava uma vista
panorâmica.
- Se deu em análise que na
realidade o homem associo à seu editor de uma revista (Rundschau), que fora
substituída pela imagem panorâmica (Rundschauer).
Por fim Freud analisa um sonho extenso. Trata-se uma mulher que sonhara estar
no teatro com o marido. Este a diz que Elise L. e o noivo, também pretendiam
ir, mas só haviam conseguido lugares ruins, por 1 florin e 50 kreuzers. Em
análise a mulher relaciona estes sonhos com duas ideias principais à de
considerar que seu marido “vale pouco” e a de que esta tal Elise L. está
casando muito cedo, como a própria mulher o fez e se arrepende.
O autor tenta neste texto demonstrar como um conteúdo manifesto substitui de
maneira distorcida o conteúdo latente deste sonho. Esta substituição é
auxiliada pela Resistência que pode atuar em proporções diversas dependendo da
qualidade deste conteúdo a ser omitido.
Maio/2013 - Elaborado por Camila
Sanzi e Karina Bueno, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus
Barueri .
Nenhum comentário:
Postar um comentário