2ª Unidade – Resumo de:
A Elaboração
Onírica (S. Freud – Conferências Introdutórias à Psicanálise, Os Sonhos. 1916,
vol. XV, Cap. XI)
Nesse texto, Freud
se propõe a elucidar os mecanismos presentes na elaboração onírica.
Inicialmente, relembra aos leitores que a elaboração onírica é o trabalho que
transforma os conteúdos latentes (pensamentos inconscientes) em sonho manifesto
(representações conscientes), enquanto o trabalho interpretativo ocorre pela via
contrária, ou seja, a partir do sonho manifesto chega-se aos conteúdos
latentes.
Freud aponta que os
sonhos infantis não necessitam de interpretação, pois são evidentemente
realizações de desejos. Mas, mesmo os sonhos infantis sofrem transformações:
- de desejos em imagens de realização
da experiência desejada.
- de pensamentos em imagens visuais.
No entanto, o que
interessa a Freud nesse texto são as deformações que se operam na elaboração
onírica dos sonhos dos adultos, essas é que devem ser decifradas através do
trabalho interpretativo. Freud aponta quatro mecanismos que se processam na
elaboração onírica: condensação; deslocamento; figurabilidade (transformações
de pensamentos em imagens); e a elaboração secundária, que age sobre os
produtos primários da elaboração onírica.
Condensação:
- diversos conteúdos latentes se
combinam e se fundem em um elemento (pessoa, lugar, objeto, etc.) do sonho
manifesto. Dessa forma, um elemento manifesto pode corresponder simultaneamente
a diversos elementos latentes. Isso pode se dar de diversas formas:
·
Determinados conteúdos latentes, por terem algo em comum, se fundem em
um elemento no sonho manifesto. Desse modo, as semelhanças no material latente
são substituídas por um único elemento no sonho manifesto.
·
Mas também os contrários são tratados da mesma forma que as semelhanças,
sendo preferencialmente expressados pelo mesmo elemento psíquico. Assim, um
elemento no sonho manifesto pode estar expressando a si mesmo, ou o seu
contrário, ou ainda ambos. Isso significa que nenhuma representação no sonho
está isenta de ambiguidade, apenas o sentido que se lhe dará poderá decidir
qual versão escolher.
·
Diversos conteúdos latentes podem ser combinados numa unidade
desarmônica juntando-se parte de cada conteúdo, tal como nos centauros e nos
animais fabulosos da mitologia.
- por outro lado, um elemento latente
pode se fazer representar em diversos elementos manifestos.
- O sonho manifesto possui um
conteúdo menor que o do sonho latente (nunca ocorre o inverso).
- a condensação não é efeito da
censura, mas ocorre devido a um fator automático ou econômico, em todo o caso,
a censura lucra com ela.
Deslocamento:
Manifesta-se de duas maneiras:
- um elemento latente é substituído
não por uma parte componente de si mesmo, mas por alguma coisa mais remota,
isto é, uma alusão.
- o acento psíquico é mudado de uma
coisa importante para outras sem importância, de forma que o sonho parece
descentrado e estranho.
- o deslocamento é obra da censura
dos sonhos.
Figurabilidade:
- Consiste em transformar pensamentos
latentes, que são expressos em palavras, em imagens sensoriais, a maioria na
forma de imagens visuais.
- Não afeta tudo nos pensamentos
oníricos; alguns deles aparecem no sonho manifesto também como pensamentos ou
conhecimentos, portanto não são as imagens visuais a única forma na qual os
pensamentos se transformam (mas, ainda sim, são a essência da formação dos
sonhos).
- Esse processo ocorre na forma de
regressão, uma vez que os pensamentos originalmente surgiram de imagens
sensoriais.
- a figurabilidade atende as
necessidades da condensação e do deslocamento no processo da elaboração
onírica.
Elaboração
Secundária:
- Confere um aspecto de unidade em
maior ou menor grau de coerência aos produtos primários - condensação,
deslocamento, figurabilidade - da elaboração onírica.
Ao final do texto, Freud adverte que
as atividades da elaboração onírica se resumem nos quatro mecanismos apontados
acima e que ela é incapaz de formar discurso. Os discursos no sonho manifesto,
na maioria das vezes, são cópias e combinações que alguém ouviu ou enunciou
para si mesmo no dia anterior ao sonho (restos diurnos) e que encontram conexão
com os conteúdos inconscientes instigando-os para que surjam no sonho.
Maio/2013 - Elaborado por Camila
Sanzi e Karina Bueno, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus
Barueri .
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