domingo, 27 de maio de 2012

TERAPIA ANALÍTICA (1915-1917) – CONFERÊNCIA XXVIII – VOL. XVI


RESUMO TEXTO:
TERAPIA ANALÍTICA (1915-1917) – CONFERÊNCIA XXVIII – VOL. XVI

- Freud ao ser questionado sobre o porque de não utilizar a sugestão direta na terapia psicanalítica, se vale do termo “sugestão dirigida” para explicar que esta se dá contra a manifestação dos sintomas, suprime-a ao dirigir o paciente, de alguma forma, a não manifestá-lo. Este método assemelha-se essencialmente a hipnose, já que a sugestão é o principal elemento do hipnotismo.
- De acordo com os preceitos médicos, uma terapia deve ser rápida, confiável e não desagradável ao paciente; o método hipnótico proposto por Bernheim (mestre de Freud em Nancy na França, em 1889) atendia a dois dos pré-requisitos médicos da terapia ideal: a rapidez, decerto a hipnose pode ser efetuada de forma muito mais rápida do que o tratamento analítico, e em nada desagradava ao paciente. Entretanto, a terceira qualidade não era atendida, a hipnose não podia ser considerada confiável por apresentar efeitos muito diferentes de paciente para paciente (alguns apresentavam melhoras outros não).
- Há de se considerar que o método era utilizado exatamente da mesma forma em todos os pacientes o que impedia a expressão dos sintomas variados, sem que seu sentido singular pudesse ser aprendido pelo médico.
- O método hipnótico não pode ser considerado insubstituível, ajusta-se facilmente ao conceito de neurose para a medicina e exige pouco esforço do médico e do paciente, mas na medida em que se comparam os casos, vê-se que tão pouco esforço não é capaz de sustentar o peso por trás dele. Dito isso, é possível contrapor ambos os métodos - hipnótico e psicanalítico - o primeiro visa encobrir o que está presente na vida mental, o segundo visa expor e eliminar algo.
- A hipnose utiliza-se da sugestão e assim proibe os sintomas, fortalecendo as repressões e deixando intactos os processos de formação do sintoma. Já o tratamento psicanalítico dirige-se à raíz do sintoma, aos conflitos que o originaram e utiliza a sugestão (operando em sentido educativo) para modificar o resultado desse conflito. Assim é possível superar resistências, o que é a função essencial do tratamento analítico.
- Ainda o que difere o método psicanalítico do hipnótico no tocante à sugestão diz respeito a ação da tranferência. Enquanto na hipnose o médico depende da capacidade de transferência do paciente, correndo o risco de que se estabeleça uma transferência negativa ou que defesas sejam levantadas contra ela e nada se pode ser feito sobre isso. No tratamento analítico o médico atua sobre a transferência, desvenda o que dela pode dificultar o tratamento e ajusta este instrumento para produzir no paciente algum impacto. O final da análise é revelador de todas as lacunas de memória que levaram à repressão de algum conteúdo inconsciente do paciente, através do qual o sintoma se formou. A tranferência é trabalhada a todo momento, o que garante a diferença entre ambos os métodos de tratamento. Ao final da análise a tranferência pôde ser inteiramente trabalhada, causando mudanças no paciente, o que meramente aconteceria no processo hipnótico, em que a tranferência permaneceria intocada. O sucesso da análise vale-se, portanto, do trabalho do analista também sobre a tranferência do paciente e não apenas no tratamento sugestivo.
- O processo de cura psicanalítica contempla dois supostos: a de que a libido do paciente não se dirige a um objeto real e portanto, permanece vinculada ao sintoma como forma de expressão; e que o ego emprega grande quantidade de energia para manter a libido represada e ligada ao sintoma, não podendo assim, utilizá-la para outros fins. O sujeito sadio é aquele capaz de libertar o vínculo da libido com o sintoma e reutiliza-la de outras maneiras. Durante o processo analítico, o paciente deve remontar a situação do conflito gerador do sintoma e o analista proporcionar diferentes resultados para a resolução do conflito. A partir das memórias sobre a situação que gerou o conflito o paciente pode se reorganizar em novas edições do antigo conflito, isso ocorre somente mediante a transferência.
- Assim, o trabalho do analista se dá em dois momentos: no primeiro, toda a libido ligada ao sintoma é desvinculada dela e colocada na transferência; no segundo com a edição do conflito, o paciente elabora novas formas de resolvê-lo, liberando a libido. O sono pode ser considerado uma expressão saudável do neurótico, uma vez que é uma possibilidade dentre as catexias libidinais do sujeito.
- Freud atenta para as resistências que podem surgir durante o processo analítico, sejam externas, do paciente, da família e que muito interessam para a prática analítica. Nos tratamentos psicanalíticos a intervenção da família do paciente representa um perigo difícil de lidar.

            Maio/2012 - Elaborado por Marina Monteiro da Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri .



Nenhum comentário: