segunda-feira, 18 de novembro de 2013

FREUD II - FEMINILIDADE (Conferência XXXIII, Vol. XXII, 1933)

FREUD II - FEMINILIDADE (Conferência XXXIII, Vol. XXII, 1933)

Nesta conferencia Freud fala a respeito de como se desenvolve a feminilidade na mulher e de sua entrada no complexo de Édipo.

Inicia dizendo que sempre houve uma distinção entre homens e mulheres. Anatomicamente os dois são diferentes, socialmente também. Os homens são considerados seres ativos enquanto as mulheres sempre foram consideradas passivas. O produtor sexual masculino, o espermatozoide, é ativo e o óvulo é passivo, pois este fica ali parado esperando o espermatozoide.

As contribuições anatômicas levam a pensar que o órgão masculino também esta presente na mulher ainda que atrofiado e vice-versa. De maneira que tanto homem como a mulher teriam indicações de bissexualidade, tendo se sobrepujado um ao outro dependendo do sexo. Entretanto, as características que constituem o homem e a mulher não se devem diminuir a isso.

Freud diz que na psicologia, é habituado empregar masculino e feminino também como qualidades mentais. Uma pessoa se comporta de maneira masculina em uma situação e feminina em outra. Pode-se considerar característica do feminino as atividades passivas e do masculino, ativas. Mas isto não significa chegar a um fim passivo, para isto é necessário grande quantidade de atividade.

O fator agressividade foi reduzido ao masculino, e as mulheres sempre foram consideradas mais dóceis, portanto em seu desenvolvimento, elas se desenvolvem mais rápido, necessitam mais de carinho. Há a influencia social também que faz as mulheres suprirem seu lado agressivo.
Ao suprirem a agressividade, favorece no desenvolvimento de impulsos masoquistas, que ligam as forças destrutivas que foram reprimidas.

Em comparação com os meninos, o desenvolvimento de uma mulher é mais difícil e mais complexo. Por ser mais dócil, a menina acaba sendo mais dependente, e acaba sendo fácil ensina-la a controlar suas excreções.

Na fase fálica, a zona erógena nas meninas é o clitóris, toda atividade masturbatória é executada com o equivalente do pênis. Porém, com a mudança para a feminilidade, o clitóris deve transferir sua sensibilidade para a vagina.

Para a menina seu primeiro objeto de amor também é a mãe, como o menino. Mas o menino mantém esse objeto amoroso, a menina tem que, além de mudar de zona erógena, mudar de objeto.

A menina passa durante as três fases do desenvolvimento sexual infantil tendo a mãe como objeto de amor, daí se dá a natureza das relações libidinais para com a mãe. Os desejos que movem essa relação representam impulsos ambivalentes, tanto passivos quanto ativos. A menina expressa em relação a sua mãe impulsos tanto carinhosos como hostis. A relação mãe e filha compreende uma configuração distinta daquela firmada com o menino, a mãe é a primeira mulher a seduzir a filha, a despender a ela os cuidados com o corpo e despertar sensações prazerosas.
Todos os desapontamentos que acontecem na vida da menina acontecem na vida do menino também, porém este não se afasta do objeto materno. As mulheres também são castradas, mas diferente dos meninos.

Freud diz que a menina sente uma ‘’inveja do pênis’’, o complexo de castração acontece quando a menina vê a diferenciação dos sexos e esta fica descontente por estar menos favorecida e culpa sua mãe por não ter dado aquilo para ela, e ela percebe que sua mãe também é castrada, assim a abandona.

Com a descoberta de que é castrada, partem três linhas de desenvolvimento possível:
- Inibição sexual ou neurose: devido à inveja do pênis ela inibe o prazer que tinha da sua sexualidade fálica. Comparando ao equipamento superior do menino, ela perde a satisfação masturbatória do clitóris. Esse abandono leva a passividade, e a menina volta-se para seu pai. O desejo que leva a menina voltar-se para seu pai é originalmente o desejo de possuir um pênis. Ainda isto é característica da fase masculina da mulher, para passar a fase feminina, este desejo deve passar ao desejo de querer um bebe.

 Antes ela também desejava um bebe só que dá mãe. O significado da menina em brincar com boneca é isso, ela reproduz o que sua mãe fazia com ela.
Com o desejo passado para o pai, inicia-se o complexo de Édipo na menina. O que acontece com a menina é que o complexo de castração a prepara para o complexo de édipo, ao contrario dos meninos, ao invés de destruí-lo, a menina é forçada a abandonar sua ligação com a mãe.

Segunda reação:
- Intenso complexo de masculinidade: a menina recusa a reconhecer o fato indesejado.  Apega-se a sua atividade clitoriana e identifica-se com sua mãe fálica e com seu pai.

E a terceira reação seria a feminilidade considerada comum.

Na identificação da mulher com sua mãe é possível perceber duas camadas: a pré-edipiana e a edipiana. Esta primeira fase é decisiva na vida da mulher, nesta fase são feitos os preparativos para as características que ela possuirá mais tarde exercendo seu papel na função sexual e realizar suas tarefas sociais.

Freud ainda fala de uma rigidez psíquica mais estabelecida na mulher do que no homem, que pode ser  resultado de um percurso psíquico imutável, como se o caminho da feminilidade tivesse exaurido as possibilidades de mudança.


Setembro/2014 - Revisado por Bruna Tiossi, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri.


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