sábado, 2 de março de 2013

Conferência I (Introdução) – das Conferências Introdutórias à psicanálise – vol. XV Obras Completas de Sigmund Freud.



RESUMO - 1ª Unidade

 Conferência I (Introdução) – das Conferências Introdutórias à psicanálise – vol. XV Obras Completas de Sigmund Freud.
           
Nesta conferência, Freud apresenta as dificuldades encontradas pela psicanálise e, a partir destas, vai delimitando o seu campo de estudo e especificidade dentro das ciências para, em seguida, apontar sua relevância no tratamento das afecções psíquicas.
Inicialmente usa das dificuldades enfrentadas pelos pacientes neuróticos em análise para referir-se ao duro percurso que tem que ser seguido por aqueles que querem aprender como “efetuar uma investigação psicanalítica ou como realizar um tratamento”.
Desse modo, aponta que aos pacientes neuróticos em tratamento analítico devem ser esclarecidas: as dificuldades do método, sua longa duração, os esforços e sacrifícios que exige e a impossibilidade de promessa de êxito, já que esta depende da conduta, compreensão, adaptabilidade e perseverança do paciente. A analogia com os pacientes baseava-se numa forte resistência que os médicos – grande maioria de seu público - encontrariam frente à teoria psicanalítica, uma vez que estes possuíam outro paradigma sobre o conhecimento.
Contrapondo as duas disciplinas, médica e psicanalítica, Freud aponta as dificuldades no ensino e formação em psicanálise:

·         Na formação médica os alunos são preparados empiricamente para “ver” os fenômenos, como no precipitado de uma reação química, na contração de músculo e mesmo na apresentação de pacientes psiquiátricos com suas expressões faciais alteradas, modos de falar e comportar.

·         Na psicanálise o trabalho com um paciente resume-se num “intercâmbio de palavras entre o paciente e o analista” e mesmo a apresentação de um paciente seria, para essa disciplina, inviável, pois “as informações que uma análise requer serão dadas pelo paciente somente com a condição de que ele tenha uma ligação emocional especial com seu médico; ele silenciaria tão logo observasse uma só testemunha que ele percebesse estar alheia a essa relação”.
Como não há verificação objetiva da psicanálise nem possibilidade de demonstrá-la, Freud oferece outros meios para sua apreensão:
·         Após um pouco de conhecimento da técnica, se poderia estudar alguns fenômenos mentais, muito comuns e amplamente conhecidos, em si mesmo. No entanto, há limites ao progresso por esse método.

·         Ser analisado por um analista experiente e vivenciar os efeitos da análise em seu próprio eu, assimilando de seu próprio analista a técnica mais sutil do processo.










Apontadas algumas dificuldades da psicanálise, Freud nos fala dos impasses da psiquiatria, cujo enfoque é encontrar “uma base anatômica para as funções do organismo e suas doenças, a fim de explicá-las química e fisicamente e encará-las do ponto de vista biológico”.
·         Desse modo, “as formas psicológicas do pensamento têm permanecido estranhas” à psiquiatria, que, descreve os distúrbios mentais que observa, e os agrupa em entidades clínicas;

·         Mas “nada se conhece da origem, do mecanismo ou das mútuas relações dos sintomas dos quais se compõem essas entidades clínicas”.
Postas as dificuldades apresentadas acima, a relevância da psicanálise está em preencher a lacuna deixada pela psiquiatria, a qual carece de uma base psicológica. No entanto, Freud adverte: “a psicanálise deve manter-se livre de toda hipótese que lhe é estranha, seja de tipo anatômico, químico ou fisiológico (...)”.
Freud prossegue com outras dificuldades da psicanálise, no entanto, estas são inerentes à humanidade, que considera algumas declarações da psicanálise como ofensas da ordem do intelectual e do estético/moral.
·         A primeira refere-se à declaração da psicanálise que “os processos mentais são, em si mesmos, inconscientes”. Essa declaração se coloca como uma ofensa intelectual, pois existe o hábito de se identificar o que é psíquico com o que é consciente e não sendo assim, a confiança do homem em sua autonomia e controle estariam abalados.

·         A segunda refere-se à declaração de que as pulsões sexuais desempenham importantes funções nas origens das doenças nervosas e mentais, mas também nas “mais elevadas criações culturais, artísticas e sociais do espírito humano”. Freud esclarece que, cada pessoa ao ingressar na sociedade sacrifica parte de suas pulsões em benefício de toda a comunidade. As pulsões sexuais desempenham um papel importante e nesse processo são sublimadas – isto é, desviadas das finalidades sexuais e dirigidas às produções socialmente elevadas. A pulsão sexual é uma ameaça à civilização caso não seja subjugada, por isso essa segunda declaração se coloca como ofensa do estético e moral, pois “a sociedade não quer ser lembrada dessa parte precária de seus alicerces. Não tem interesse em reconhecer a força das pulsões sexuais, nem interesse pela demonstração da importância da vida sexual para o indivíduo”.

Março/2013 - Elaborado pela Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri .

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