RESUMO - 1ª Unidade
Conferência I (Introdução) –
das Conferências Introdutórias à psicanálise – vol. XV Obras Completas de
Sigmund Freud.
Nesta conferência,
Freud apresenta as dificuldades encontradas pela psicanálise e, a partir
destas, vai delimitando o seu campo de estudo e especificidade dentro das
ciências para, em seguida, apontar sua relevância no tratamento das afecções
psíquicas.
Inicialmente usa
das dificuldades enfrentadas pelos pacientes neuróticos em análise para
referir-se ao duro percurso que tem que ser seguido por aqueles que querem
aprender como “efetuar uma investigação psicanalítica ou como realizar um
tratamento”.
Desse modo, aponta
que aos pacientes neuróticos em tratamento analítico devem ser esclarecidas: as
dificuldades do método, sua longa duração, os esforços e sacrifícios que exige
e a impossibilidade de promessa de êxito, já que esta depende da conduta,
compreensão, adaptabilidade e perseverança do paciente. A analogia com os
pacientes baseava-se numa forte resistência que os médicos – grande maioria de
seu público - encontrariam frente à teoria psicanalítica, uma vez que estes
possuíam outro paradigma sobre o conhecimento.
Contrapondo as duas
disciplinas, médica e psicanalítica, Freud aponta as dificuldades no ensino e
formação em psicanálise:
·
Na formação médica os alunos são preparados empiricamente para “ver” os
fenômenos, como no precipitado de uma reação química, na contração de músculo e
mesmo na apresentação de pacientes psiquiátricos com suas expressões faciais
alteradas, modos de falar e comportar.
·
Na psicanálise o trabalho com um paciente resume-se num “intercâmbio de
palavras entre o paciente e o analista” e mesmo a apresentação de um paciente
seria, para essa disciplina, inviável, pois “as informações que uma análise
requer serão dadas pelo paciente somente com a condição de que ele tenha uma
ligação emocional especial com seu médico; ele silenciaria tão logo observasse
uma só testemunha que ele percebesse estar alheia a essa relação”.
Como não há verificação
objetiva da psicanálise nem possibilidade de demonstrá-la, Freud oferece outros
meios para sua apreensão:
·
Após um pouco de conhecimento da técnica, se poderia estudar alguns
fenômenos mentais, muito comuns e amplamente conhecidos, em si mesmo. No
entanto, há limites ao progresso por esse método.
·
Ser analisado por um analista experiente e vivenciar os efeitos da
análise em seu próprio eu, assimilando de seu próprio analista a técnica mais
sutil do processo.
Apontadas algumas
dificuldades da psicanálise, Freud nos fala dos impasses da psiquiatria, cujo
enfoque é encontrar “uma base anatômica para as funções do organismo e suas
doenças, a fim de explicá-las química e fisicamente e encará-las do ponto de
vista biológico”.
·
Desse modo, “as formas psicológicas do pensamento têm permanecido
estranhas” à psiquiatria, que, descreve os distúrbios mentais que observa, e os
agrupa em entidades clínicas;
·
Mas “nada se conhece da origem, do mecanismo ou das mútuas relações dos
sintomas dos quais se compõem essas entidades clínicas”.
Postas as dificuldades apresentadas
acima, a relevância da psicanálise está em preencher a lacuna deixada pela
psiquiatria, a qual carece de uma base psicológica. No entanto, Freud adverte:
“a psicanálise deve manter-se livre de toda hipótese que lhe é estranha, seja
de tipo anatômico, químico ou fisiológico (...)”.
Freud prossegue com outras
dificuldades da psicanálise, no entanto, estas são inerentes à humanidade, que
considera algumas declarações da psicanálise como ofensas da ordem do
intelectual e do estético/moral.
·
A primeira refere-se à declaração da psicanálise que “os processos
mentais são, em si mesmos, inconscientes”. Essa declaração se coloca como uma
ofensa intelectual, pois existe o hábito de se identificar o que é psíquico com
o que é consciente e não sendo assim, a confiança do homem em sua autonomia e
controle estariam abalados.
·
A segunda refere-se à declaração de que as pulsões sexuais desempenham
importantes funções nas origens das doenças nervosas e mentais, mas também nas
“mais elevadas criações culturais, artísticas e sociais do espírito humano”.
Freud esclarece que, cada pessoa ao ingressar na sociedade sacrifica parte de
suas pulsões em benefício de toda a comunidade. As pulsões sexuais desempenham
um papel importante e nesse processo são sublimadas – isto é, desviadas das
finalidades sexuais e dirigidas às produções socialmente elevadas. A pulsão
sexual é uma ameaça à civilização caso não seja subjugada, por isso essa
segunda declaração se coloca como ofensa do estético e moral, pois “a sociedade
não quer ser lembrada dessa parte precária de seus alicerces. Não tem interesse
em reconhecer a força das pulsões sexuais, nem interesse pela demonstração da
importância da vida sexual para o indivíduo”.
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