segunda-feira, 2 de abril de 2012

Terceira lição (1910 [1909]) vol. XI - Obras Completas de Sigmund Freud.

Freud I - RESUMO - 1ª Unidade
Terceira lição (1910 [1909])
vol. XI - Obras Completas de Sigmund Freud.
           

- Nesta lição Freud apresenta três vias de acesso ao inconsciente: Associação livre, interpretação dos sonhos e o estudo dos lapsos e atos falhos. 

Associação livre
            - Há duas forças antagônicas que atuam para, de um lado, trazer a consciência o que estava esquecido no inconsciente; de outro lado a resistência, impedindo a passagem dos conteúdos reprimidos ou derivados destes para o consciente.
            - Quanto mais deformado o elemento procurado, mais forte a resistência.
            - O pensamento se comporta em relação ao elemento reprimido como uma representação por meio de palavras indiretas, ou seja, como uma alusão ao elemento reprimido.  
            - O chiste seria um exemplo de alusão ao que não pode ser dito, substituindo-o. Há razões contrárias que atuam impedindo de se falar francamente, substituindo pelos chistes. Ver um exemplo disso na anedota do crítico da arte, citada no texto.
            - Em busca do complexo, dos conteúdos reprimidos, pede-se que o paciente diga o que quiser (associe livremente). Entretanto, algumas vezes se detém, alegando que nada lhe vem à mente. Ou seja, ele está sob a influência das resistências, que disfarçadas em juízos críticos, retém ou afasta novamente tais conteúdos. Neste momento, a interpretação do analista pode ajudar a extrair o material precioso.

Interpretação dos sonhos
            - “A interpretação de sonhos é na realidade a estrada real para o conhecimento do inconsciente, a base mais segura da psicanálise.” (FREUD, p. 46)
            - Nem todos os sonhos são estranhos, incompreensíveis e confusos para a pessoa que sonhou. Basta uma análise minuciosa (a partir da associação livre) para se resolver o enigma do sonho.
            - Os sonhos possuem:
                        Conteúdo manifesto: recordado vagamente de manhã, é o substituto deformado para os pensamentos inconscientes do sonho.
                        Conteúdo latente: pensamentos inconscientes.
            - Eles são deformados pela obra de forças defensivas do ego. Isto é, as resistências na vigília impedem a passagem dos desejos reprimidos do inconsciente para a consciência. E durante o sono, mesmo enfraquecidas, estas resistências ainda são fortes para tolerar tais conteúdos apenas disfarçados.  
            - O processo que disfarça os pensamentos inconscientes do sonho (conteúdo latente) em imagens lembradas (conteúdo manifesto) é denominado de elaboração onírica.
            - Entre tais processos psíquicos da elaboração onírica, destacam-se a Condensação e o Deslocamento.      
            - Pesadelo também segue a mesma orientação de entendimento sobre sonhos – realização velada de desejos reprimidos. A ansiedade, presente no sonho e durante a associação livre deste, é uma das reações do ego contra os desejos reprimidos violentos satisfeitos oniricamente.
            - O estudo dos sonhos, realizado no decorrer do tratamento psicanalítico dos neuróticos, proporcionou o conhecimento de desejos ocultos e reprimidos do paciente.
           
Atos falhos
            - São pequenas falhas comuns no dia-a-dia, como lapsos de linguagem, distrações, desatenções e esquecimentos.
            - São significativas para o trabalho analítico e quase sempre de fácil interpretação, tendo em vista a situação em que ocorrem. Seu exame pode levar ao descobrimento da parte oculta da mente.
            - Exprimem impulsos e intenções que devem ficar ocultos à própria consciência, ou emanam dos desejos reprimidos que são criadores dos sintomas e dos sonhos. 
            - Testemunham a existência da repressão.

- Freud aponta ao final do texto que, para um psicanalista não existe nada insignificante, arbitrário ou casual nas manifestações psíquicas. Ele é disposto a aceitar causas múltiplas para o mesmo efeito.
- Por fim sugere que “o estudo das idéias livremente associadas pelos pacientes, seus sonhos, falhas e ações sintomáticas; se ainda juntarem a tudo isso o exame de outros fenômenos surgidos no decurso do tratamento psicanalítico (...) transferência – chegarão comigo à conclusão de que nossa técnica já é suficientemente capaz de realizar aquilo que se propôs: conduzir à consciência o material psíquico patogênico, dando fim desse modo aos padecimentos ocasionados pela produção dos sintomas de substituição.” (FREUD, p. 51)


Abril/2012 - Elaborado por Karina de Queiroz Bueno, Equipe de Monitores de Psicanálise - PUC/SP – Campus Barueri .